12 de fevereiro de 2012

promessa não é dívida


"A infelicidade do homem deriva de que ele foi primeiro uma criança", Descartes já havia concluído e ela, mesmo sem entender toda a profundidade da frase, sabia que era mesmo verdade. Coube a Simone de Beauvoir levá-la ao mergulho sem volta que era a compreensão daquela sentença: "A infelicidade que vem ao homem do fato de ele ter sido uma criança consiste pois em que sua liberdade lhe foi inicialmente ocultada e em que ele guardará por toda a sua vida a nostalgia do tempo em que ignorava as exigências dela."

"Depois de ter vivido sob o olhar dos deuses, tendo prometido a si mesmo a divindade, não aceita de bom grado voltar a ser, na inquietude e na dúvida, simplesmente um homem. Que fazer? Em que acreditar? (...) Então, explode o absurdo de uma vida que procurou fora de si as justificações que só ela podia se dar".

E era verdade, ela sabia. Realmente paramos de procurar por monstros debaixo da cama quando percebemos que eles estavam tempo todo dentro de nós mesmos. 
Assustada, ela sabia que não conseguiria controlá-los por mais muito tempo. Sim, eles sempre estiveram ali, eram parte dela, e se antes pediam com um fiozinho de voz para serem libertados, hoje seus sussurros transformaram-se em urros, gritos ensurdecedores que ecoavam sem parar - queriam sair, iam sair. Será que a essa altura já haviam conseguido escapar dela? Ela os aceitaria? E depois? Ela seria capaz de perdoar-se por aceitá-los?

Um comentário:

Olive disse...

hey, te indiquei para a tag de 11 perguntas.
http://enchantime.blogspot.com/2012/02/tag-11-perguntas.html

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